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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

REPÚBLICA DO REGGAE - 2024 O maior festival de Reggae da América Latina acontecerá no dia 30 de novembro no Wet

 

 Tá se aproximando a Republica do Reggae 2024, o maior Festival de Reggae da América Latina, próximo dia 30/11. Acontece mais uma edição que promete muitas vibrações positivas ao publico no wet em Salvador BA, irão se apresentar muitos nomes consagrados tais como; Os internacionais, ALPHA BLONDY, CLINTON FEARON, STEEL PULSE, ETANA E E-EKA MOUSE e os nacionais; MATO SECO, EDSON GOMES, TRIBO DE JAH E LEÕES DE ISRAEL, serão fortes emoções, então prepara o capacete porque as pedras vão rolar.

Só para se ter uma ideia o evento do Republica do Reggae chega a sua 21º edição, e sempre trouxe as principais atrações do reggae mundial para sua grade de artistas que se apresentam no festival ao longos desses 21 anos. Nomes como, LUCKY DUBE, GREGORY ISAACS, BUNNY WAILER, SOJA, BURNING SPEAR, MORGAN HERITAGE, THE CONGOS, THE MIGHTY DIAMONDS, THE GLADIATORS, ANDREW TOSH, DEZARIE, GROUNDATION, MIDNITE, NKULEE DUBE, U ROY, DUANE STEPHENSON, SIDDY RANKS, THE ITALS, ISRAEL VIBRATION e REEMAH.

Tivemos o prazer em ver todas essas atrações além das nacionais que se apresentam e dão um show a parte. EDY VOX, KAYAMANAYA, TIM TIM GOMES, PLANTA E RAIZ, PONTO DE EQUILÍBRIO, ADÃO NEGRO, ISAQUE GOMES, SINE CALMON E MORRÃO FUMEGANTE, NENGO VIEIRA, OLODUM, NATIRUTS e muitas outras que tivemos o prazer de prestigia-lo.

 Sempre inovando também acontece a Feira Hippie, dentro do seu espaço, com varias lojinhas e vendedores locais colaborando com a cena, e isso é muito bom que sempre prestigia o evento,  não podemos esquecer da TENDA DUB, onde os clássicos rolam sem parar e nos intervalos é garantia de boas vibrações. Com participações de muitos DJS da cena local e convidados também.

Então marque nada e venha curtir a Republica do Reggae 2024.


 Vocês podem está comprando seu ingresso de forma virtual pelo site>>> BORA TICKTES, LINK AI PARA VCS. >> INGRESSOS REPUBLICA DO REGGAE

E também podem ser adquiridos nos balcões credenciados com 10x sem juros no cartão, vendidos nos balcões do Pida do Salvador Shopping, Shopping Paralela, Salvador Norte Shopping e Shopping Piedade, na loja do Bora Tickets, no 2º piso do Shopping da Bahia e tambem em FEIRA DE SANTANA,no balcão da Central Mix, no Centro Comercial Maria Luiza no Centro da Cidade.

SERVIÇO
O que: República do Reggae
Quando: 30 de novembro
Onde: Wet

Atrações Confirmadas: Alpha Blondy | Steel Pulse  | Edson Gomes | Clinton Fearon  | Mato Seco | Tribo de Jah | Eek-a-Mouse | Tribo de Jah |  Leões de Israel |  Etana.



Setores:  
-Arena Jerusalém
- Lounge Malandrinha

Classificação: 18 anos

 Informações: @pida e @republicadoreggaeoficial

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

GELMIX se Prepara para Lançar seu Primeiro EP "Adora" e Promete Revolucionar o Mundo do Reggae

 

 


 

A cena musical brasileira está prestes a receber uma nova e vibrante adição com a artista GELMIX, uma talentosa cantora e compositora que vem se destacando no gênero reggae. Nascida em uma família de músicos apaixonados, GELMIX foi influenciada desde a infância por um ambiente repleto de ritmos e melodias que moldaram sua paixão pela música. Com um estilo autêntico e cativante, a artista tem conquistado um público fiel, que se encanta com suas letras introspectivas e melodias hipnotizantes.


GELMIX se destaca por sua proposta musical, que combina o reggae tradicional com toques contemporâneos, criando uma sonoridade única que ressoa com diversos públicos. Suas canções abordam temas universais como amor, resistência e a busca por liberdade, refletindo não apenas suas experiências pessoais, mas também questões sociais relevantes que ecoam na sociedade atual. A capacidade de transmitir emoções profundas através de sua música permite que a artista estabeleça uma conexão genuína e poderosa com seu público.


Após meses de intenso trabalho em estúdio, GELMIX está prestes a lançar seu tão aguardado primeiro EP, intitulado "Adora". Este projeto promissor será composto por cinco faixas cuidadosamente elaboradas, que prometem levar os ouvintes a uma jornada musical repleta de grooves envolventes e mensagens positivas. A faixa-título, "Adora", já está gerando uma expectativa crescente entre os fãs e será lançada como o primeiro single do EP, destacando a sonoridade distinta que caracteriza o trabalho da artista.


Determinada a criar um som que não apenas homenageie suas raízes no reggae, mas que também dialogue com uma nova geração de ouvintes, GELMIX acredita firmemente que a música possui o poder de unir as pessoas e inspirar mudanças significativas. Suas composições refletem essa visão, abordando assuntos que tocam o coração e a mente de quem as escuta.


Para celebrar o tão esperado lançamento de "Adora", GELMIX está organizando um evento especial que contará com performances ao vivo, proporcionando aos fãs a oportunidade de vivenciar a energia contagiante e autêntica de suas apresentações. Embora os detalhes sobre a data e o local do evento ainda estejam em fase de planejamento, a expectativa entre os admiradores da artista está nas alturas.


Com "Adora", GELMIX não busca apenas conquistar novos fãs, mas também se estabelecer como uma voz poderosa e autêntica no cenário do reggae brasileiro. Aguardamos ansiosamente por essa nova fase da carreira da artista, certos de que ela nos surpreenderá com sua musicalidade e criatividade, trazendo novas perspectivas e emoções ao mundo da música!

PARCERIA: CENTRAL REGGAE

ACESSE - CENTRAL REGGAE

‘Meu pai e Gilberto Gil me buscavam na escola’, diz Aston Barrett Jr., líder do The Wailers, banda de Bob Marley

 Grupo esteve em turnê no Brasil pelo terceiro ano seguido; baixista falou da relação com o país, futebol e futuro do reggae



Grande parte dos clássicos do reggae são lembrados até hoje na voz do icônico Bob Marley (1946 - 1981) e performados por sua banda, The Wailers. Em 2024, o álbum Legend, coletânea do gênero musical mais vendida da história, completa 40 anos de lançamento.


Para celebrar e perpetuar essa cultura, a banda finalizou a turnê mundial em um show de mais de três horas no Espaço Unimed, em São Paulo, no último dia 20 de outubro. Atualmente, o conjunto é liderado pelo jamaicano Aston Barrett Jr. — filho de Aston “FamilyMan” Barrett (1946 - 2024), lendário baixista e ex-líder da banda ao lado de Bob, e sobrinho do baterista Carlton Barrett (1950 - 1987) —, que celebrou o aniversário de 34 anos no palco, em sua apresentação ao público paulista.

“O Brasil e o The Wailers sempre tiveram uma conexão forte. Bob Marley visitou o Brasil em 1980 para sentir o clima e vivenciar a cultura. Meu pai, Aston “FamilyMan” Barrett, e eu fizemos nossa primeira turnê brasileira com membros que tocaram com Bob entre 2015 e 2016. Foi, aí, que a jornada começou”, ressalta Aston.



Em entrevista exclusiva, o baixista Aston fala do futuro e a oportunidade de reviver seu pai no filme One Love, lançado neste ano. Além disso, ele exalta o desafio de manter a relevância mundial do The Wailers e comenta a ligação com um dos ídolos do MPB, o baiano Gilberto Gil, e a paixão pelo futebol. “Sei o quanto o Brasil é apaixonado por esse esporte e é sempre incrível ver o quanto une as pessoas, assim como a música”, declara.

Confira na íntegra o bate-papo:


Você é filho de Aston “FamilyMan” Barrett, baixista e líder do The Wailers ao lado de Bob Marley, e sobrinho do baterista Carlton Barrett. Como foi crescer nesse ambiente musical e ter a oportunidade de levar adiante o legado do The Wailers, agora como líder?

Aston Barret Jr. - Sinto uma honra e um privilégio enorme em poder levar adiante o legado do meu pai. Para mim, é importante que o nome do The Wailers permaneça fiel às suas raízes, protegendo-o contra deturpações ou usos indevidos. Enquanto alguns tiveram conexões com a jornada do meu pai e de Bob Marley, e outros talvez não, eu continuo comprometido em manter a integridade do The Wailers e espalhar sua mensagem atemporal pelo mundo.


Pelo terceiro ano consecutivo, o The Wailers está em turnê pelo Brasil. Qual é a relação da banda com o país?

Aston Barret Jr. - O Brasil e o The Wailers sempre tiveram uma conexão forte. Bob Marley visitou o Brasil em 1980 para sentir o clima e vivenciar a cultura. Meu pai e eu fizemos nossa primeira turnê brasileira com membros que tocaram com Bob entre 2015 e 2016. Foi, aí, que a jornada começou – quando meu pai me disse que era a hora de eu liderar a banda. O Brasil foi o primeiro lugar onde comecei meu treinamento.

Parceria entre Gilberto Gil e os The Wailers ultrapassava o cenário musical

Gilberto Gil foi uma das figuras brasileiras mais importantes na promoção do reggae no país, era amigo de seu pai e até colaborou com o The Wailers na canção Vamos Fugir, que se tornou um sucesso nacional. Além de Gil, quais são suas influências musicais e o que você conhece da MPB?

Aston Barret Jr. - Quando eu tinha uns 7 ou 8 anos, meu pai e Gilberto vinham me buscar na escola, e a música que eu ouvia me inspirava profundamente. No Brasil, há um grande respeito pelo reggae. Outro momento significativo para mim no Brasil foi ver o videoclipe do Michael Jackson para a música They Don’t Care About Us [gravado no Rio (RJ) e em Salvador (BA) em 1995, com participação do grupo baiano Olodum]. A música e a percussão me impactaram muito.

Como retratado no filme One Love, Bob Marley e toda a banda tinham uma conexão especial com o futebol. Essa relação especial permanece na banda? Vocês torcem para algum time? Conhecem algum time brasileiro?

Aston Barret Jr. - Sim, alguns de nós ainda jogam e outros assistem a futebol quando possível. Meu pai era um grande fã do esporte, já que faz parte da cultura jamaicana. Quando estamos em turnê, às vezes conseguimos jogar nos momentos de folga. Quanto aos times brasileiros, embora eu não acompanhe de perto, sei o quanto o país é apaixonado pelo futebol, e é sempre incrível ver o quanto o esporte une as pessoas, assim como a música faz.

Ainda falando de One Love, como foi para você interpretar o próprio pai e reviver a história da banda e sua influência, não só na Jamaica, mas em todo o mundo?

Aston Barret Jr. - Foi uma benção interpretar meu pai, um privilégio, porque ele é meu herói, ao lado de minha mãe. Fiquei muito feliz em mostrar ao mundo quem meu pai era – bem-vestido, bem-articulado e imensamente importante para o nome e a missão do The Wailers.

Como você vê o poder e a influência do reggae hoje em dia? A rapidez dos tempos modernos e a música das gerações mais jovens impactaram a difusão da sua mensagem?

Aston Barret Jr. - O reggae é a voz do povo, uma música que, realmente, não cabe em nenhuma categoria específica. É atemporal – não é sobre ser velho ou novo. O reggae está sempre lá para aqueles que precisam se sentir ouvidos, que estão passando por momentos difíceis ou se sentindo perdidos. É um tipo especial de música que ajuda as pessoas a encontrar paz, e quando elas sentem isso, não sentem dor.

Qual mensagem você espera transmitir com o novo álbum, Evolution?

Aston Barret Jr. - Evolution representa um novo movimento para o The Wailers. Desta vez, estamos trazendo o som autêntico do reggae para a era moderna, com uma mensagem que pode iluminar as pessoas.


Durante a turnê no Brasil, você se apresentou com vários artistas brasileiros, como Armandinho, Maneva e Mato Seco, além do britânico Pato Banton. Como você entende a interseção internacional da cultura reggae?

Aston Barret Jr. - Como Bob Marley disse, essa música vai crescer cada vez mais até alcançar o público certo e, mesmo depois disso, continuará crescendo. O reggae não tem fim, especialmente quando é tocado com a intenção e a energia corretas.

Além de apresentar músicas novas de Evolution, essa turnê celebra o 40º aniversário de Legend, de Bob Marley e The Wailers, o álbum de reggae mais vendido da história. Qual a sua visão sobre o poder cultural e musical desse álbum, que transcende gerações?

Aston Barret Jr. - Esse álbum representa paz, amor e união. O hino definitivo do reggae é a música One Love – não importa o que aconteça, tudo volta para One Love.

Como é se apresentar com o holandês Mitchell Brunings, que foi escolhido pela família Marley para ser vocalista da banda? Além da semelhança vocal, há outras formas em que ele se encaixou com o The Wailers?

Aston Barret Jr. - É incrível me apresentar com Mitchell. Ele tem uma voz poderosa e sabe como envolver o público. É um ótimo cantor e, embora eu o tenha escolhido para cantar com o The Wailers, ele foi, na verdade, escolhido pela família Marley em 2015 para seu papel no musical One Love. Além da semelhança vocal, sua energia e respeito pela música o ajudaram a se integrar imediatamente à banda.

Ao longo dos anos, o The Wailers teve muitos cantores que vieram e se foram, cada um desempenhando seu papel na continuidade do legado. Agora, Mitchell está fazendo sua parte, e sua energia e talento são uma grande adição à banda. Ele se encaixa perfeitamente, não apenas pela voz poderosa, mas também pelo respeito que tem pela música e pelo que ela representa.





Banda encerrou a turnê mundial com dez shows no Brasil em outubro


Dukes of Roots: Um Novo Capítulo no Cenário Musical com seu Álbum de Estreia

No dia 28 de fevereiro de 2024, a banda Dukes of Roots lançou seu tão aguardado álbum de estreia, que promete deixar uma marca indelével na cena musical contemporânea. Com uma fusão envolvente de reggae, dub e influências de diversos gêneros, o álbum não apenas apresenta a identidade única da banda, mas também destaca a colaboração com artistas renomados que enriquecem ainda mais a experiência auditiva.

O álbum, que já está chamando a atenção de críticos e fãs, conta com participações de grandes nomes da música. Entre eles, Stephen Marley, filho do lendário Bob Marley, traz sua assinatura inconfundível à produção, enquanto Tarrus Riley, conhecido por sua habilidade vocal e letras profundas, adiciona uma camada emocional que ressoa com os ouvintes. Kabaka Pyramid, um dos ícones contemporâneos do reggae, também se junta ao projeto, contribuindo com sua perspectiva única e estilo distinto que caracteriza sua carreira.

Além dessas colaborações, o álbum também apresenta Andrew Tosh, filho do famoso Peter Tosh, que traz consigo um legado poderoso e uma conexão direta com as raízes do reggae. A presença da banda brasileira Natiruts adiciona uma pitada especial de diversidade, unindo culturas e sonoridades em uma celebração da música que transcende fronteiras.



As faixas do álbum exploram temas como amor, resistência, espiritualidade e unidade, refletindo a essência do reggae e a mensagem que a Dukes of Roots deseja transmitir. Cada música é uma jornada, levando os ouvintes a um espaço onde a vibração positiva e a reflexão se encontram. A produção é cuidadosamente elaborada, combinando instrumentação ao vivo com elementos digitais, criando um som moderno que ainda respeita as tradições do reggae.

Com letras que falam diretamente ao coração e melodias que convidam à dança, o álbum de estreia da Dukes of Roots é mais do que uma coleção de músicas; é uma declaração de intenções. A banda busca não apenas entreter, mas também inspirar mudanças e promover uma mensagem de amor e solidariedade em tempos desafiadores.

À medida que o álbum ganha destaque nas plataformas digitais e nas rádios, a Dukes of Roots se prepara para uma série de apresentações ao vivo que prometem levar sua música para os palcos de todo o mundo. Com uma energia contagiante e uma conexão genuína com o público, a banda está pronta para conquistar corações e deixar sua marca na história da música.

Em resumo, o álbum de estreia da Dukes of Roots é um testemunho do poder da colaboração e da riqueza cultural que a música pode oferecer. Com a participação de artistas lendários e uma proposta musical vibrante, este lançamento é um verdadeiro presente para os amantes do reggae e da música de qualidade. Não perca a oportunidade de se conectar com essa nova proposta sonora que promete transformar a cena musical contemporânea.
 





 APOIO E PARCERIA: CENTRAL REGGAE

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Gilberto Gil volta ao reggae de Bob Marley em projeto 'Songs for Humanity'

 Artista regrava hit ‘No Woman, No Cry’. Gil, aliás, converteu canção para o português nos anos 70. Ouça nova versão aqui


Antídoto contra desumanidade, Gilberto Gil espalha possibilidades existenciais. Não chores mais. Aos 82 anos, homem da paz e do amor, Gil retorna ao reggae com nova versão para hit “No Woman, No Cry”, eternizado por Bob Marley no disco “Natty Dread”, de 74. Dessa vez, divide microfone com músico Stephen Marley, filho do rastaman das boas vibrações.

“No Woman, No Cry” entra no streaming como parte do projeto “Songs for Humanity”, previsto para ser lançado no próximo dia 12. O álbum, editado pela fundação Playing For Change, reúne 30 artistas de diferentes nacionalidades, como Slash, Manu Chao, Santana e John Paul Jones. A ideia, diz o produtor Mark Johnson, é espalhar mensagens de amor.

Segundo Mark, Bob reúne mundo afora fãs ao redor da fogueira, em tentativa de se refletir sobre a canção “No Woman, No Cry” e construir futuro em que tudo, tudo vai dar pé. Gil a gravou pela primeira vez no elepê “Realce”, de 79. Sua parte, nessa nova versão, foi registrada no Rio, onde tem casa, mas o produtor conta que começou projeto há anos.


A nova releitura para a canção nasceu em ruas italianas a partir de violão slide. Uma constelação de músicos está no projeto, o que enfatiza vocação internacionalista dessa releitura, e se vê ali instrumentistas sorridentes balançando seus corpos plurais e sendo guiados por suingue orgânico, como se tocassem a música de suas vidas.

Para Gil, trata-se de comovente homenagem ao legado construído por Marley, de quem o brasileiro se diz fã desde que o ouviu nos anos 70. Ao jornalista estadunidense Andy Greene, da “Rolling Stone”, o tropicalista diz que sua própria versão da música encontrou lar no Brasil. “Reforçou seu poder como força de união e esperança entre pessoas”, afirma.


Foi nos tempos de exílio londrino que o cantor baiano ouviu música jamaicana pela primeira vez. Caminhava pela Porto Bello Road escutando reggae, como em “Nine Out of Ten”, canção gravada por Caetano Veloso no álbum “Transa”, de 72. Gil assistiu a manifestações da cultura caribenha, da Jamaica e da América Central durante esses tempos ingleses.


De volta ao Brasil, reencontrou o reggae em São Luís (MA), reconhecida capital brasileira do estilo pela Lei 14.668. Em barraca praieira, identificou batida acentuada no segundo e quarto tempos: Jimmy Cliff vocalizando “No Woman, No Cry”. Era mais lento que ska, irmão próximo, e mais rápido que rock steady, ritmo caribenho com quem esse som convivia bem.

No Woman, No Cry’ retratava o convívio diário de rastafaris no ‘government yard’ (área governamental) em Trenchtown, e a perseguição policial, provavelmente ligada à questão da droga (maconha)"

Lenda do reggae, Cliff fez nos anos 70 sua versão para o estrondoso hit da banda The Wailers, surgida na Jamaica em 1962 para misturar ska com soul. Logo depois, o tempo se desacelera — tal característica é atribuída à maconha. Ali, como que pulsando a vida e estimulando corpo a se mexer, três instrumentos constituem a base: guitarra, baixo e bateria.

Seja como for, Gil viu semelhança entre contextos jamaicano e brasileiro. O reggae, expressão de grupos que se situam à margem de Kingston, traz sonoridade comum aos povos condicionados à faixa tropical do planeta. A partir da miscigenação entre populações africanas e ameríndias, o estilo chega à forma com que se tornou mundialmente conhecido.


Maconha

A discografia gilbertineana recebe influência do reggae a partir de “Refavela”, cuja faixa “Sandra”, de 77, foi composta após o artista ser preso com quantidade irrisória de maconha, em Florianópolis, em 7 de julho de 76. Em juízo, Gil explicou que erva lhe aguçava sensibilidade, o que não impediu sua transferência para Instituto Psiquiátrico de São José.

Como canta na faixa do suplício, naquela semana tomar chafé foi um vício e, em “Realce”, de 79, o reggae se revela presente no hit-democracia “Não Chores Mais”. A canção oferece alento contra o apodrecido regime fardado, às vias de cair morto — ou quase morto.

“Emblemática do desejo de autonomia e originalidade das comunidades alternativas, ‘No Woman, No Cry’ retratava o convívio diário de rastafaris no ‘government yard’ (área governamental) em Trenchtown, e a perseguição policial, provavelmente ligada à questão da droga (maconha), que eles sofriam”, contextualiza Gil, em texto pinçado de seu site oficial.

Nos anos 80, Gil estreitou parceria com o produtor Liminha. O primeiro elepê feito pela dupla, “Luar”, de 81, não tem nenhum reggae. Já “Um Banda Um”, lançado em 82, apresenta duas composições no estilo: “Esotérico” e “Drão”. “Extra”, faixa que nomeia disco de 83, é pesada canção no ritmo jamaicano, coisa que se repete em “Raça Humana”, de 84.

Em texto para encarte de “Kaya n'Gan Daya”, Gil conta que desde o princípio encontrou similitude entre cangaceiro e rastaman. “Para um artista, músico como eu, o fato obviamente recairia sobre a música que se liga e se refere a ambos, o cangaceiro e rastaman, e os associa direta ou indiretamente, a dois dos maiores artistas da música popular do século que passou”, escreve, em obra na qual revisita obra de Bob Marley, lançada em 2002.

Stephen Marley, o filho de Bob, falou da honra que foi participar do projeto “Songs for Humanity” com Gilberto Gil. “Meu pai e Gilberto foram amigos. O legado continua”, disse à “Rolling Stone”. Como canta Gil em sua versão para “No Woman, no Cry”: “Bem que eu me lembro, a gente sentado ali/Na grama do aterro sob o sol/ Ob... observando hipócritas”.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

OCTOBER REGGAE FESTIVAL Data: 18, 19 e 20 de outubro de 2024.

 Nascido com o objetivo de fomentar a cena Reggae Nacional, o October Reggae Festival pretende abrir espaço para bandas e artistas independentes de todo o país mostrarem o seu trabalho e assim atraírem os holofotes para sua arte, ampliando definitivamente seus horizontes.

Serão 03 dias de muita música, no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, Bahia, onde acontecerão nada menos que 45 apresentações, mostrando toda a pujança e diversidade do Reggae Brazuca.

Este evento é uma importante oportunidade para fortalecer o Reggae, dando a sua devida visibilidade e reconhecimento, conectando diferentes estilos e influências que fazem parte desse gênero musical tão rico. Além de ser um espaço para apresentações musicais, o October Reggae Festival é uma plataforma para diálogos sobre cultura, história e a importância da música como forma de resistência e expressão.

O festival acontecerá de forma gratuita e visa atrair amantes da música Reggae, de todas as idades, nativos e turistas que buscam viver uma experiência cultural única. A expectativa é que a massa regueira compareça em peso, mostrando a força do Reggae, trazendo um público diversificado, agregando aos fãs do gênero, curiosos e simpatizantes.

Com um planejamento cuidadoso e a colaboração de artistas, produtores e patrocinadores e apoiadores, o festival promete conquistar seu espaço e tornar-se um evento necessário no calendário cultural do Brasil.

Uma celebração imperdível que traz à tona toda a riqueza cultural do Reggae no Brasil, revelando talentos de todas as regiões do país. Com suas apresentações marcadas para os emblemáticos largos do Pelourinho, o festival não apenas promove a música, mas também valoriza a herança africana que é fundamental para a formação da identidade brasileira. É mister lembrar que Salvador é a maior cidade africana fora da África!

October Reggae 2024: Festival de 45 Bandas no Pelourinho

A 1ª Edição do October Reggae Festival está marcada para ocorrer entre os dias 18 e 20 de outubro de 2024, transformando o Pelourinho, em Salvador, em um importante centro de celebração e resistência cultural. O evento contará com 45 apresentações de bandas e artistas independentes de reggae de diversas partes do Brasil. A realização do festival promove uma imersão profunda no universo do ritmo jamaicano, que encontrou na Bahia um solo fértil para prosperar.

Sobre o Evento

O festival, que destaca a valorização da cena reggae nacional, oferece uma plataforma essencial para bandas emergentes e artistas independentes. Com inscrições abertas até 19 de setembro, o October Reggae Festival promove a visibilidade desses talentos em um dos locais mais emblemáticos do Brasil, o Pelourinho. Este local é conhecido por seu papel crucial na preservação e difusão da cultura afro-brasileira.

Além de proporcionar entretenimento, o festival também carrega mensagens de paz, união e justiça social. A programação diversificada visa atrair tanto os fãs de reggae quanto aqueles interessados em novas experiências culturais. A expectativa é que o evento se estabeleça como uma data importante no calendário cultural da cidade, reforçando o Pelourinho como um polo cultural de destaque internacional.

OCTOBER REGGAE FESTIVAL

Data: 18, 19 e 20 de outubro de 2024.

Horário: das 17:00 às 23:00 nos dias 18 e 19 e das 14:00 às 19:00 no dia 20. 

Local: Pelourinho – Largos: Tereza Batista, Pedro Archanjo, Quincas Berro D'água.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Republica do Reggae 2024


 A República do Reggae – o maior festival do gênero da América Latina, está de volta. Desde a sua primeira edição em 2003, o festival segue sendo referência para os amantes do ritmo e arrastando caravanas de várias cidades do Brasil.

Em 2024 o evento acontecerá dia 30 de Novembro no Wet.

Depois de trazer nomes como Duane Stephenson, Groundation, The Itals, Dezarie, Edson Gomes, Gregory Isaacs, Lucky Dube, Alpha Blondy, Israel Vibration, Bunny Wailer, Groundation, SOJA, U-Roy, Culture, Koko Dembele, The Congos, Siddy Ranks, Natiruts, Ponto de Equilíbrio, Mato Seco, Tribo de Jah e muitos outros, a República do Reggae chega a mais um ano prometendo grandes emoções e ja traz em sua grade ALPHA BLONDY, STEEL PULSE, EDSON GOMES, MATO SECO, TRIBO DE JAH, EEK-A-MOUSE, LEÕES DE ISRAEL, ETANA e CLINTON FEARON como atrações confirmadas.

O Festival República do Reggae é aquele evento que, desde 2003, movimenta a cena regueira na Bahia e no Brasil inteiro. O primeiro rolê foi lá na Praia de Ipitanga, e hoje, com 14 edições no currículo, o festival já virou o maior de reggae em toda a América Latina! 

Aqui, a vibe é sempre trazer os artistas que a galera ama. O palco já foi pisado por lendas internacionais como Gregory Isaacs, Lucky Dube, Alpha Blondy, Israel Vibration, Bunny Wailer, Groundation, SOJA e muitos outros monstros do reggae mundial. E claro, não faltaram também os gigantes nacionais como Natiruts, Ponto de Equilíbrio, Mato Seco, Edson Gomes e Tribo de Jah.

Mas a República do Reggae não é só sobre os grandes nomes. O festival também abre espaço para os novos talentos e para quem continua firme na resistência, mesmo sem todo o apoio da mídia. Afinal, aqui o reggae é muito mais que música — é cultura, é movimento, é resistência!

VENDAS: Vendas: Balcões Pida! Shoppings Salvador, Bahia, Piedade e Norte Shopping, em Feira de Santana no balcão da central mix no Centro Comercial Maria Luiza ou >>>>>>>>>>>>>>>>>

https://vendas.boratickets.com.br/evento/303/republica-do-reggae-2024

SERVIÇO
O que: República do Reggae
Quando: 30 de novembro
Onde: Wet
Atrações Confirmadas: Alpha Blondy | Steel Pulse  | Edson Gomes | Clinton Fearon  | Mato Seco | Tribo de Jah | Eek-a-Mouse | Tribo de Jah |  Leões de Israel |  Etana.


                                     Informações: @pida e @republicadoreggaeoficial

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Membros do Natiruts comentam o fim da banda: "Momento de celebração"

 


 

 Referência no reggae nacional, grupo fará turnê de despedida pelo Brasil a partir de junho

 Após 28 anos de carreira, o Natiruts chegará ao fim. O grupo brasiliense fará uma turnê de encerramento intitulada Leve com Você, que chegará a Porto Alegre em 3 de agosto. Em entrevista ao Fantástico, os músicos Alexandre e Luís Mauricio falaram sobre a decisão de encerrar esse ciclo.

— Diferentemente da maioria dos casamentos, não teve uma desavença ou uma briga para se separar não. Foi uma decisão pensada, foi uma decisão que maturou bastante dentro das nossas cabeças. Tudo em nome da arte — afirmou Alexandre.

A banda anunciou o encerramento em fevereiro de 2024 e provocou comoção nos fãs de todo o país. Para Luís Mauricio, a reação do público foi uma comprovação de que o grupo cumpriu o seu propósito durante a carreira.

— É até contraditório assim, né? Porque a gente viu a comoção do nosso público e a gente fica muito feliz de ver o tanto que a banda é querida. — refletiu o músico. — Mas para a gente, é um momento de celebração. Conseguimos entregar o nosso melhor e fomos muito além do que a gente se propôs no começo. Então, acho que assim, é realmente uma missão cumprida e cumprida com excelência.

Novos desafios

Questionados sobre os planos para depois da turnê, cada um afirmou que pretende seguir um caminho. Alexandre deseja seguir na música, mas em um estilo diferente.

— Tenho o sonho de tocar guitarra de jazz — revelou o artista. — Vou me dedicar um pouco a me aprofundar mais no instrumento, seguir fazendo música por aí, mas agora não só reggae. 

Já Luís planeja se dedicar mais a causa política da cannabis medicinal. Ele afirmou que, após entender a necessidade de pacientes que precisam desse medicamento, passou a se dedicar a esse movimento.

— Tem alguns anos que eu estou superengajado na causa da cannabis medicinal. Se tornou um novo propósito na minha vida — enfatizou. — Essa é a bandeira que eu estou levantando e será minha causa até o fim dos meus dias.

Sobre o Natiruts

Donos de hits como Presente de Um Beija Flor, Quero Ser Feliz Também, Andei Só, o Natiruts se formou em 1996, enquanto os membros frequentavam a Universidade de Brasília (UNB). A banda passou a tocar em diversos festivais e chegou a colaborar com Ziggy Marley na canção América Vibra.

 

Lembrando que em setembro o grupo irá passar também por Salvador, A capital Baiana prepara uma grande celebração para esse show de despedida que será na Arena Fonte Nova

Então prepara o coração para fortes emoções.

O tradicional Bate Volta de Feira de Santana também estará confirmadíssimo para esse grande encontro. Mais informações (75) 981401835

terça-feira, 23 de julho de 2024

O gesto de paz de Bob Marley apoiou uma mudança radical na Jamaica

Uma imagem icônica de 1978 mostra Bob Marley unindo líderes de partidos de esquerda e direita no palco, pedindo uma trégua. Interpretado erroneamente como apolítico, seu gesto na verdade tinha a intenção de resgatar um movimento socialista em perigo. 

 A fotografia icônica de Bob Marley unindo as mãos de Michael Manley e Edward Seaga no One Love Peace Concert em Kingston, Jamaica, em 1978.

De 1974 a 1980, a Jamaica foi tomada pela violência política. Gangues ligadas aos dois partidos do país, o Partido Nacional Popular (PNP), socialista democrático, e o Partido Trabalhista Jamaicano (JLP), conservador, estavam envolvidas em um conflito paramilitar urbano que matou, feriu e deslocou milhares de pessoas.

Em 1978, influenciados pela mensagem rastafári de unidade, os líderes de gangues concordaram com as negociações de paz. Desse processo surgiu o One Love Peace Concert em Kingston, que reuniu membros de gangues rivais, autoridades dos partidos e os maiores nomes do reggae, incluindo Bob Marley, que havia sido baleado dois anos antes, provavelmente por um atirador do JLP.

Durante sua apresentação, Marley convocou ao palco os líderes dos partidos, o primeiro-ministro Michael Manley do PNP e seu oponente, Edward Seaga do JLP, e a apertarem suas mãos em um sinal de unidade. Imagens daquele momento são icônicas hoje, em parte porque parecem mostrar Bob Marley como a cultura global dominante o imagina: um pacificador transcendendo todos os conflitos, inclusive na política.

Mas essa interpretação é muito simplória. Com seu gesto, Bob Marley não estava tentando omitir as diferenças políticas entre o PNP de esquerda e o JLP de direita. Em vez disso, ele estava tentando resgatar as esperanças do movimento social que levou o PNP ao poder seis anos antes — o vislumbre de uma nova Jamaica que a violência nas ruas, que muitos suspeitam ser o resultado de um programa secreto de desestabilização da CIA, ameaçou destruir.

O acadêmico de estudos africanos Brian Meeks estava presente no One Love Peace Concert de abril de 1978. Meagan Day, da Jacobin, pediu a Meeks para desenterrar esta fotografia icônica, mostrada acima, de Marley abraçando Manley e Seaga. Para entender corretamente o que está acontecendo na imagem, diz Meeks, precisamos examinar a evolução dos partidos e movimentos sociais jamaicanos, o impacto da intervenção estrangeira nas perspectivas de mudança na Jamaica e o papel do reggae e do rastafarianismo na vida cultural e política jamaicana.

Brian Meeks é professor de estudos africanos na Brown University. Ele publicou doze livros, editou coleções sobre política caribenha e escreveu sobre o socialismo democrático de Michael Manley para a Jacobin. Ele também é autor de Paint the Town Red, um romance ambientado em meio à violência política em Kingston na década de 1970.

Temos essa foto clássica de Bob Marley unindo as mãos de Michael Manley e Edward Seaga. Para entender o que realmente está acontecendo nesta fotografia, primeiro temos que repassar o que acontecia no âmbito da política. Vamos começar com os dois partidos que cada um desses políticos representava, o People’s National Party (PNP) e o Jamaican Labor Party (JLP). De onde eles vieram e o que defendiam?

Em 1938, a Jamaica teve uma revolta trabalhadora contra leis sindicais restritivas que impediam uma organização adequada. Foi parte de uma revolta em todo o Caribe, que trouxe a classe trabalhadora para o movimento anticolonial vigente, pois começaram a ver a independência como uma possível via para acabar com a exploração.

Ao se juntar ao movimento anticolonial, a classe trabalhadora se juntou à classe média, que se sentia excluída no sistema colonial britânico e que esperava herdar o poder dos britânicos após a independência. Então, os atores dessa coalizão anticolonial não queriam ou não antecipavam as mesmas coisas da independência, mas todos viam a necessidade do fim do colonialismo britânico.

O reggae foi a trilha sonora do novo movimento político e, mais particularmente, a trilha sonora da vitória eleitoral de Michael Manley em 1972.


Norman Manley, pai de Michael Manley, era o líder do Partido Nacional do Povo, que foi um dos dois partidos que surgiram após a revolta trabalhadora de 1938. No final do período colonial, “nacional” tinha uma conotação muito mais progressista do que na Europa do entre guerras. 

O PNP foi fundado na tradição do socialismo fabiano e sempre foi o mais esquerdista dos dois partidos, mas nunca foi um partido trabalhista tradicional. Era uma aliança da classe média, da classe trabalhadora e dos pobres urbanos.

O outro partido, o Partido Trabalhista Jamaicano (JLP), era muito mais conservador, embora carregasse o nome “trabalhista”. E embora fosse conservador, o JLP de fato tinha uma posição significativa entre uma parcela das classes trabalhadoras agrícola e urbana. Ele tinha os trabalhadores como sua base popular, enquanto também desfrutava de apoio significativo do empresariado e do setor comercial. Basta dizer que, embora ambos os partidos dependessem do apoio da classe trabalhadora, a Jamaica não desenvolveu um partido trabalhista tradicional nos anos que antecederam a independência em 1962.


Então, dois partidos jamaicanos surgem no final do período colonial, um mais progressista e o outro mais conservador, mas ambos focados principalmente na independência e apoiados por um eleitorado formado por diferentes classes. Como Michael Manley chegou a liderar o PNP, e como o partido mudou com ele?


Em 1968, houve outra rebelião na Jamaica, dessa vez inspirada pela recusa do governo jamaicano em permitir que o professor universitário Walter Rodney voltasse ao país depois que ele partiu para uma conferência em Montreal. Sua expulsão levou a uma revolta popular nas ruas de Kingston.


O ano de 1968 tem significado global. No Caribe, é considerado o início do movimento Black Power, e os “Rodney Riots” foram a expressão jamaicana disso. Simultaneamente, o equilíbrio na Jamaica mudou do primeiro governo pós-colonial, que era liderado pelo JLP, para o PNP, que em 1969 elegeu Michael Manley como líder.

Entre 1969 e 1972, Michael Manley acumulou apoio. Naquela época, houve um surgimento híbrido na Jamaica de dois movimentos: o Black Power, com sua ressonância norte-americana, e o rastafarianismo, que era um movimento nacionalista negro indígena jamaicano que seguiu sua própria trajetória. Michael Manley foi capaz de aproveitar essa energia e conquistar a juventude insurgente, ou uma parte significativa dela, para o PNP.

 

Michael Manley, líder socialista da Jamaica, fala com cidadãos. (Jamaica Information Service)

Curiosamente, Michael Manley começou como um moderado no PNP. Alguns diriam que estava à direita de seu pai. Mas no processo de se tornar o líder do partido, começou a se mover para a esquerda. Ele estava respondendo a uma tremenda pressão vinda de baixo, de um contingente de jovens observando que a Jamaica já era independente há uma década, mas os negros ainda não tinham empregos ou dinheiro, e a riqueza ainda estava concentrada nas mãos de investidores estrangeiros ou elites locais brancas e de pele clara.

Em 1972, o PNP capturou esse sentimento com o slogan “Better Must Come”, que é o nome de uma música do artista de reggae Delroy Wilson. O partido também usou essa música em sua campanha. Então, quando Manley venceu a eleição de 1972 com uma vitória esmagadora para a política jamaicana, havia uma grande expectativa de que ele executaria medidas que “fariam o melhor vir”.
Você mencionou o reggae, um tópico que nos aproxima mais da compreensão do significado da fotografia. 

Qual era a relação entre o reggae e o movimento político que Manley comandava?


Eles estão intimamente ligados. O reggae é muito importante neste momento político.

O reggae como forma musical foi parte de uma rápida evolução que ocorreu na música jamaicana na década de 1960. Começou com o ska, que tinha um ritmo de 2/4 como o reggae, mas era tocado muito mais rápido, ligado a uma tradição de jazz e influenciado pela rumba de Cuba, a vizinha, e também pela música de Nova Orleans, que era a única música que podíamos acessar facilmente dos Estados Unidos no rádio de ondas curtas.

O ska evoluiu muito rapidamente nos anos 60 para o rocksteady. E então, no mesmo ano em que esses tumultos urbanos em torno de Walter Rodney aconteceram, em 1968, o reggae surgiu como uma nova forma musical. Os primeiros artistas foram pessoas como Delroy Wilson, que acabei de mencionar, assim como Prince Buster, e os Wailers, que é a banda da qual Bob Marley surgiu como líder.

O reggae era uma forma militante de música que estava intimamente ligada ao rastafarianismo e ao movimento Black Power. Claro, o reggae abrange do espectro da música romântica e emocional chamada lovers rock, à música hardcore de protesto e à música quase religiosa associada aos rastas.


O reggae foi a trilha sonora do novo movimento político, e mais particularmente da vitória eleitoral de Michael Manley em 1972. Muitas das principais personalidades do reggae eram muito próximas da campanha, e os artistas acompanharam a campanha pelo país tocando em comícios.


No entanto, também havia uma tensão quando se tratava de rastafarianismo, que, como um todo, guardava zelosamente sua independência de conexão aberta com a política. Para avançar um pouco, isso ajuda a explicar a autonomia de Marley em 1978 na imagem que estamos discutindo.


O rastafarianismo foi ao mesmo tempo um movimento político, religioso e estético. Como um movimento religioso, ele tinha amplo alcance, o que significava que também havia alguns rastas que apoiavam Edward Seaga, que surgiu como líder do JLP ao longo de 1973 e 74.


Quem é Edward Seaga e quais forças sociais ele representa?


Seaga era um jamaicano de ascendência libanesa que desenvolveu sua influência no JLP por causa de seu domínio em uma das partes mais pobres de Kingston. Lá, ele construiu um reduto chamado Tivoli Gardens, que era bem administrado e eficiente, com serviços sociais, novos arranha-céus e instalações culturais.

Seaga usou essa base para construir um sólido bloco de apoio dentro do JLP, e assumiu a liderança exatamente no momento em que o PNP estava mudando de seu slogan generalista “O Melhor Deve Vir” para o novo slogan do socialismo democrático em 1974.

 

Edward Seaga, segundo da direita, com o presidente dos EUA Ronald Reagan e Nancy Reagan em Washington, DC, em 1981. (Coleção Fotográfica da Casa Branca)

O PNP se via como um partido socialista no começo, mas por várias décadas subsumiu o socialismo sob o manto da luta pela independência. E mesmo por uma década após a independência, não se falava em socialismo no PNP. 

Mas em 1974, em uma tentativa de consolidar seu apoio e desenvolver um programa para levar o país adiante, o PNP sob Manley se dedicou ao socialismo democrático novamente.

Em resposta, o JLP sob Seaga se tornou um partido antissocialista. O JLP evoluiu de uma oposição frouxa para uma coalizão de trabalhadores e capitalistas que estavam claramente contra a direção para onde o PNP queria levar o país, que era explicitamente socialista. Ele implementou reformas como um tremendo programa de habitação urbana, um programa de alfabetização e a licença maternidade.

Então tivemos em 1974 uma bifurcação entre o PNP sob Manley, que estava adotando uma noção ainda moderada de socialismo democrático, e o antissocialista JLP sob Seaga. Este é um momento crítico, porque é também quando outros desenvolvimentos estão ocorrendo globalmente, e os Estados Unidos começam a entrar em cena.


Como o governo socialista de Michael Manley foi recebido pelos Estados Unidos?


A Jamaica chamou a atenção de Richard Nixon e Henry Kissinger quando, em 1972, quatro governos caribenhos reconheceram Cuba, tirando-a do isolamento em que estava na década anterior. Esses quatro países eram Guiana, Jamaica, Trinidad e Tobago e Barbados.

Esse evento prenunciou o que ocorreria em 1974, quando Angola se tornou independente de Portugal, o que foi seguido quase imediatamente pela incursão no sul de Angola a partir da Namíbia, que estava sob o controle efetivo da África do Sul.

Kissinger visitou Manley e solicitou que ele não ajudasse os cubanos, e Manley recusou. Este foi o momento em que os Estados Unidos começaram a considerar esforços para derrubar seu governo.


Cuba prometeu apoiar Angola, cuja independência estava ameaçada, mas não poderia fazê-lo sozinha. Esse apoio só poderia chegar a Angola se os aviões que transportavam equipamento pesado pudessem reabastecer. Tanto Barbados quanto Guiana, apoiados pela Jamaica, concordaram em oferecer postos de reabastecimento no Atlântico. E isso colocou a Jamaica na mira de Kissinger.

Kissinger visitou Manley e solicitou que ele não ajudasse os cubanos, e Manley recusou, explicando que ajudar Cuba a defender a Angola independente contra o apartheid da África do Sul era uma questão de princípio. Ele não recuaria.


O registro sugere que esse foi o momento em que os Estados Unidos começaram a considerar esforços para derrubar o governo de Manley.

Entre 1974 e 1976, a violência começou a aumentar nas cidades, particularmente em Kingston, mas também em outras partes da Jamaica. Essa violência estava direcionada, principalmente, às comunidades pobres, perpetrada por todo um sistema cheio de gangues que apoiavam os partidos políticos.


Qual foi a causa raiz desse repentino ápice de violência política?


Ainda não está totalmente claro quem estava fazendo o quê, mas o que está claro é que a violência começou a acontecer e aumentou pouco depois de o PNP declarar explicitamente uma agenda socialista democrática.

Ninguém tem provas cabais, mas é lógico que um governo no poder não tem interesse em criar uma situação desestabilizadora que leve as pessoas a questionar se ele é capaz de governar. A sequência de eventos sugere que a violência não foi iniciada por forças que apoiavam o governo, mas sim pelas que se opunham a ele.


Houve muita especulação de que a CIA foi responsável por iniciar ou pelo menos inflamar a violência política. Não teria sido difícil de realizar. Já havia uma divisão feroz entre gangues rivais filiadas aos partidos. Mesmo algumas armas de fogo extras e alguns incentivos em dinheiro teriam feito a diferença. Esse tipo de coisa teria sido consistente com as atividades confirmadas da CIA ao redor do mundo nas décadas de 1970 e 1980.

Com certeza, e como você disse, já havia uma infraestrutura de gangues que eram ligadas a partidos políticos, mas semiautônomas e que operavam em seus próprios interesses, buscando suas próprias fontes de lucro.

Dito isso, é preciso duas mãos para bater palmas. Houve, sem dúvida, uma resposta das gangues que apoiaram o PNP, resultando em incidentes trágicos perpetrados por ambos os lados. Em 1976, que foi um ano eleitoral, essa violência havia escalado para um nível paramilitar nas ruas de Kingston.
Rastas não trabalham para a CIA

As eleições de 1976 foram então realizadas sob estado de emergência, porque Manley sentiu que era a única maneira de controlar a violência. O JLP protestou. Eles sustentaram que não eram os perpetradores da violência e disseram que o estado de emergência foi declarado para que perdessem a eleição.

De qualquer forma, Michael Manley venceu a reeleição consolidando e aumentando o apoio em comparação à sua eleição inicial. A violência diminuiu depois de 1976, mas então começou novamente nos anos que antecederam a próxima eleição, em 1980.


Essa violência foi em uma escala difícil de imaginar. Em apenas um ano, mais de oitocentas pessoas foram mortas.

Em muitos casos, a violência era indiscriminada. Você tinha paramilitares circulando pelas comunidades, vendo um membro de uma gangue adversária em um bar ou na esquina de uma rua e abrindo fogo.

Ambos os lados estavam envolvidos em um programa semelhante à limpeza étnica, mas, neste caso, o objetivo era a limpeza partidária. Os bairros em Kingston têm afiliações partidárias claras, e as gangues começaram esquemas de deslocamento em uma tentativa de expulsar as pessoas.

Em alguns casos, quarteirões inteiros da cidade foram queimados. A ideia era que se essas pessoas fugissem e se tornassem refugiadas, forçadas a se mudar e ocupar terras às vezes a muitos quilômetros de distância, elas levariam seus votos consigo. Você poderia mudar o eleitorado de um partido para outro dessa forma.


Foi cruel. E, novamente, quando consideramos a sequência de eventos, a direção da flecha aponta para os inimigos do governo de Manley, porque é irracional para um governo no poder criar esse nível de perturbação, que reflete mal em sua capacidade de governar.
Isso parece especialmente verdadeiro considerando que o governo de Manley estava lidando com outro problema após a eleição de 1976: uma crise econômica, seguida pela coerção do Fundo Monetário Internacional (FMI).


Sim. O PNP sob Manley chegou ao poder em 1972. Em 1973, ocorreu a crise da OPEP. Sendo a Jamaica essencialmente um país dependente de energia, os preços aumentaram dramaticamente. Enquanto isso, por causa da depressão iniciada pela crise, os principais produtos para exportação estavam caindo. E, além disso, o turismo estava em declínio por causa da violência política.


Quando Manley ganhou a reeleição, havia problemas fiscais significativos no horizonte. Seu governo tentou descobrir uma solução que não envolvesse recorrer ao Fundo Monetário Internacional, mas, no final das contas, ele não conseguia ver outra alternativa. O primeiro acordo com o FMI foi assinado em 1977.

O primeiro acordo que Manley negociou exigiu ajustes estruturais e cortes fiscais em troca de empréstimos, mas estes foram relativamente brandos. No entanto, se as regras nas letras miúdas fossem violadas, então o FMI poderia impor outro acordo. No outono de 1977, o governo jamaicano violou essas letras miúdas, e a nova exigência impôs medidas cada vez mais draconianas.

As exigências do FMI dificultaram a continuidade da implementação dos programas socialistas democráticos que haviam comprado tanta boa vontade para com o PNP até a eleição de 1976. Eventualmente, o apoio que esses programas conquistaram para o PNP foi desperdiçado.

 Então, em 1978, o governo Manley enfrentou uma crise econômica, uma crise política e violência desenfreada. Chegamos a 1978, que é o ano em que nossa fotografia foi tirada. Vamos trazer o reggae e o rastafarianismo de volta. 

Como eles estavam se cruzando com a política e a violência na Jamaica durante esse período tenso?

Rastafári representa uma espécie de força de melhoria que se estendeu por essas comunidades do centro da cidade e forneceu uma voz sábia de união. Havia pessoas que podiam cruzar fronteiras porque eram rastas. Elas podiam viajar de Lower Trench Town, que era território JLP, para Upper Trench Town, que era PNP, sem serem incomodadas.

Os rastas começaram a clamar por uma espécie de união Garveyista do povo negro. Havia dois partidos lutando pelo domínio, um representando o socialismo democrático e o outro lutando contra ele. E então havia o rastafarianismo como uma espécie de contra movimento, que não tinha uma sede ou um centro, mas fornecia uma perspectiva moral em um sentido mais elevado. Isso não quer dizer que não houvesse indivíduos que estivessem no PNP ou no JLP, mas que havia uma espécie de autonomia que os rastas expressavam.

Os rastafáris gravitaram em direção ao PNP em 1972, mas nunca foram completamente conquistados pelo movimento. Agora, eles não estavam dando as costas ao PNP, mas diziam: “Os partidos políticos não são o coração e a alma do nosso movimento. O coração e a alma do nosso movimento são os negros, e não podemos matar uns aos outros.”

Como Bob Marley se encaixou em tudo isso?

Há uma música chamada “Rat Race” no álbum de Marley de 1976, Rastaman Vibration, que é sobre violência política, e nela ele canta o verso “Rasta não trabalha para nenhuma CIA”. Essa era uma declaração clássica naquela época, expressando uma aliança cautelosa entre elementos críticos do rastafarianismo e do PNP, mas também um cansaço em relação à rivalidade entre os partidos.


No final de 1976, Marley foi baleado em uma famosa invasão de sua casa. E isso foi criticamente importante, porque estava diretamente relacionado à situação política.
Bob Marley se apresentando no Dalymount Park em 6 de julho de 1980. (Eddie Mallin / Wikimedia Commons)

Antes da eleição de 76, Marley foi convidado pelo ministro da cultura da época para se apresentar no que foi visto então como um concerto do PNP, embora fosse um evento do governo. Marley foi baleado pouco antes do concerto, e agora é quase certo que o tiro foi disparado por um atirador do JLP que queria impedi-lo de trazer sua presença significativa para um evento que redundaria nos interesses do PNP pouco antes de uma eleição.


De qualquer forma, ele tocou no Smile Jamaica Concert, que foi um concerto muito famoso. E, claro, o PNP venceu a eleição. Mas depois disso, Marley deixou o país e ficou exilado nas Bahamas e depois no Reino Unido, retornando apenas para o Peace Concert em 1978.

O Peace Concert é onde a fotografia foi tirada. Qual era o propósito deste evento?

Em 1978, sob a influência do líder rasta Mortimer Planno, dois dos maiores líderes das gangues afiliadas aos partidos — Claudius “Claudie” Massop do JLP e Aston “Bucky” Marshall do PNP — se uniram e decidiram que iriam iniciar um movimento pela paz.

Esse movimento pela paz era contraditório. Ele estava sendo liderado por membros de gangues que estavam envolvidos nas atrocidades. Então, era sempre tenso, e havia alguma dúvida sobre se era genuíno ou se esses líderes de gangues, em uma espécie de tradição do tipo máfia, estavam procurando obter vantagem e tirar algo disso.

De qualquer forma, é inegável que, no nível popular, particularmente nas áreas que vivenciaram mais violência neste período, houve uma tremenda onda de apoio a um movimento pela paz que acabaria com as agressões. As pessoas vivenciaram quatro anos de assassinatos e incêndios, e estavam realmente prontas para que isso acabasse. Foi isso que levou ao Concerto pela Paz.


Você estava no Peace Concert. Como foi?

Foi um evento notável. Foi realizado no maior local do gênero, o Estádio Nacional em Kingston. Quase trinta e cinco mil pessoas estavam lá. Todos os principais cantores de reggae estavam lá. E todos os membros e líderes de gangues estavam lá, e havia paz entre eles naquela noite.



Tinha esse tipo de atmosfera que você sente em momentos de mudança potencial, em que o impossível parece possível. Era quase como um momento revolucionário.
Peter Tosh em 1979. (Rogelio A. Galaviz / Flickr)

As duas personalidades mais destacadas entre o panteão jamaicano de cantores de reggae foram Bob Marley e Peter Tosh. Este último também foi um dos Wailers, sendo os três membros originais Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer.

O interessante é que a apresentação de Peter Tosh, que durou uma hora naquela noite, essencialmente não apoiou a iniciativa de paz. Sua atitude foi capturada em sua famosa canção de 1977, “Equal Rights”, na qual ele cantou, “I don’t want no peace, I want equal rights and justice” (“Eu não quero nenhuma paz, quero direitos e justiça”, em tradução livre). O slogan de Tosh foi contra a essência do evento, que era mais comemorativo.

Então Peter Tosh ocupou uma posição, e Marley ocupou outra. Grandes artistas se apresentaram durante toda a noite, mas a apresentação de Marley foi o ponto alto do evento. Ele subiu ao palco por volta da meia-noite. E, como você pode ver na fotografia, chamou Manley e Seaga para o palco, e juntou as mãos deles — bem diferente da atitude de Peter Tosh naquela noite.

Mas é complicado porque, por um lado, sim, Marley está pedindo que a violência acabe. Mas se você ouviu a música que Marley tocou naquela noite, era uma música dirigida contra a Jamaica permanecer dentro dos limites de seu passado neocolonial. É quase como se Marley estivesse dizendo com esse gesto que Manley e Seaga têm que encontrar uma maneira de acabar com a hostilidade para que possamos realmente mudar o país, que era o espírito com o qual Manley foi eleito.

Claro, Marley canta sobre um amor, mas não é um amor abstrato. É um amor se unindo para fazer uma mudança, e não está divorciado da ideia de transformação estrutural fundamental na Jamaica. A posição de Marley é que acabar com a violência permitirá que uma política de mudança social e política prossiga.

Claro que Marley canta sobre um amor, mas não é um amor abstrato. É um amor se unindo para fazer uma mudança, e não está divorciado da ideia de transformação estrutural fundamental na Jamaica.


Depois, houve um debate interessante na imprensa, iniciado por um artigo no jornal radical de um pequeno partido marxista-leninista chamado Workers Party of Jamaica, o Struggle. Esse artigo basicamente dizia que Peter venceu a noite. Bob não gostou nem um pouco, e ele foi ao escritório do jornal no dia seguinte, xingando, dizendo basicamente: 

“Vocês estão fazendo Peter parecer um revolucionário, e eu sou o quê?”

Então, houve um debate paralelo sobre se Bob havia se vendido ao fazer isso, enquanto minha leitura daquele momento é que ele estava pensando: “Se ao menos os trabalhadores pudessem ter paz, então poderíamos começar a mudar este país”.


O que aconteceu depois daquela noite?

Em poucos anos, ambos os líderes de gangues, Claudius Massop e Bucky Marshall, estavam mortos. O acordo de paz não se sustentou. A violência aumentou dramaticamente rumo à próxima eleição. E em 1980, contra esse pano de fundo de violência e um acordo com o FMI que estava estrangulando o país e prejudicando os trabalhadores, o PNP foi derrotado, e Seaga se tornou primeiro-ministro.

A tentativa do socialismo democrático de Manley falhou. Ronald Reagan foi eleito quase simultaneamente com Edward Seaga, que visitou os EUA em 1981. Bob Marley também morreu de câncer em 1981. Então esse é o tipo de desfecho, ou se você preferir, de todo esse processo.

Manley se engajou na oposição e, em 1989, foi reeleito, mas voltou como um líder muito mais contido, operando dentro dos limites do consenso de Washington.

É como se Manley fosse um líder que respondeu ao seu momento. O contexto foi revolucionário no início dos anos 1970, mas não continuou assim na década de 1990.


Exatamente. Quando ele retornou, o momento já havia passado; o mundo havia seguido em frente. A conjuntura internacional que permitiu a existência de estados radicais havia sido eclipsada. Manley voltou como uma pessoa completamente diferente. Em seu leito de morte, ele disse que se arrependeu de algumas das decisões que sentiu que teve que tomar nos anos 90, mas isso é para os livros de história.

Dada a forma como o governo de Manley terminou, a história provou que Bob Marley estava certo ao dizer que, sem paz nas ruas, toda esperança revolucionária na Jamaica estaria extinta?

A história provou que ele estava certo na medida em que o fracasso de um tratado de paz levou ao aumento da violência, e que o resultado da eleição de 1980 se deveu ao sentimento de que o país era ingovernável. Muitas pessoas diriam depois da eleição que gostavam de Manley e de suas políticas, mas o país estava em guerra, e a única maneira de pará-la era deixar Seaga governar.

Mas a violência não foi a única coisa que precipitou a derrota de Manley. Houve também a situação econômica insustentável, piorada pelo acordo do país com o FMI. Os salários reais haviam diminuído significativamente, você não conseguia encontrar certos produtos nas prateleiras dos supermercados — todas as características clássicas. Nixon disse isso em relação ao Chile: “Faça a economia gritar”. A economia jamaicana estava gritando em 1979 e 1980.

Talvez não fosse possível que houvesse um acordo de paz viável, porque, em última análise, estava acontecendo no nível de senhores da guerra, não de políticos como Manley e Seaga. Mas nunca saberemos o que teria acontecido se a paz tivesse sido possível e alcançada.

CRÉDITOS: HISTÓRIA DO REGGAE JAMAICANO