sexta-feira, 1 de julho de 2022

Dia Internacional do Reggae: mensagem política popularizada por Bob Marley continua atual e necessária

 

A voz e as palavras de Bob Marley (1945 – 1981) seguem comunicando ideais importantes por meio do reggae. Maior responsável pela disseminação do gênero musical jamaicano que inspira milhares de artistas desde o final dos anos 1960, Marley ajudou a semear princípios de libertação, amor, resistência negra, protagonismo dos oprimidos e justiça social com música sensível e de ritmo leve, envolvente e repleto de ancestral-idade.

Além da celebração de sua importância no Dia Internacional do Reggae, comemorado nesta quarta-feira (1/07), o ritmo também foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pela Unesco, em 2018, por conta do papel sociopolítico e cultural que exerce desde sua criação.

Para quem ouviu pouco do gênero e o associa mais a sensações de tranquilidade, positividade e paz — nenhuma delas correlacionadas de forma equivocada, inclusive —, urge mencionar canções que também ilustram parte da abordagem política do reggae. Na clássica “Redemption Song”, por exemplo, Bob Marley canta, em tradução livre: “Emancipe-se da escravidão mental / Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossas mentes”.


Em um momento histórico em que o genocídio negro por parte do Estado segue escancarado em países como Estados Unidos e Brasil, o reggae continua como arma cultural de resistência ancestral. Com denúncias sobre violência e apagamento histórico em letras como a de “No Woman, No Cry”, também de Marley junto à banda The Wailers, o gênero natural das periferias de Kingston, capital da Jamaica, traz influências africanas e de outros ritmos fundados por mãos pretas, como ska, rocksteady, R&B, blues e jazz.

 resistência rastafári no reggae

Intimamente ligado ao Movimento Rastafári, o reggae também prega, por meio das músicas, valores e crenças da filosofia religiosa de raízes africanas. Os dreadlocks, por exemplo, fazem parte da estética do rastafarianismo e têm significado importante dentro religião.

No contexto rastafári, os locks surgiram de um movimento de soldados guerrilheiros que juraram não cortar os cabelos até que Haile Selassie (1892- 1975), ex-imperador da Etiópia — que, no rastafarianismo, seria a ressurreição de Yahshya (Jesus) — fosse libertado do exílio que enfrentou após liderar a resistência contra a invasão italiana em seu país nos anos 1930.

Guerrilheiros que decidiram fazer uso político de dreadlocks

Símbolo de resistência, luta e ancestralidade africana até hoje, os cabelos dos guerreiros ficavam emaranhados ao longo do tempo e criavam “locks” (“travas” ou “mechas embaraçadas”, em tradução livre). Como os soldados que aderiram ao “estilo” eram temidos (ou “dreaded”, em inglês), o termo dreadlocks passou a valer.


Apesar de aspectos relacionados à ganância de Selassie aparecem na história — como conta reportagem da “BBC” —, o simbolismo do imperador, os dreads e a fé dos rastas na presença do espírito de Jah (Deus) dentro de cada um permanecem fortes.

Assim, o reggae continua firme como um dos canais responsáveis por manter culturas negras vivas, presentes e viajando por todos os corações abertos a mensagens que, no fundo, são sempre sobre amor.
Além de ‘pai do reggae’, Bob Marley foi um dos disseminadores da palavra do rastafarianismo

Por do Sound com MV Bill, Ministereo Público Sound System e Afrocidade é adiado para setembro

 Evento que aconteceria nestes 2 de julho será dia 10 de Setembro



Diante da previsão de chuvas durante todo o fim de semana, a produção do Por do Sound decidiu transferir o evento que aconteceria neste sábado, dia 2, para o dia 10 de setembro. Ao público que adquiriu os ingressos, os bilhetes serão válidos para a nova data. 


O Pôr do Sound seguirá com a mesma grade: MV Bill, Ministereo Público Sound System e Afrocidade no espaço Largo de Tieta, no Pelourinho.


Agenda


EVENTO: PÔR DO SOUND


DIA: 02 de JULHO ADIADO PARA O DIA 10 DE SETEMBRO


ATRAÇÕES: Ministereo Público Sound System, MVBill, Afrocidade e Pablo Origi (show de abertura)


LOCAL: LARGO TIETA, PELOURINHO


Endereço: R. das Laranjeiras - Pelourinho, Salvador - BA, 40301-110




Rede Sociais


Ministereo Público: https://instagram.com/ministereopublico?utm_medium=copy_link


MvBill: https://instagram.com/mvbill?igshid=YmMyMTA2M2Y= 


Afrocidade: https://instagram.com/afrocidade?igshid=YmMyMTA2M2Y=


PabloOrig: https://instagram.com/pabloorigi?igshid=YmMyMTA2M2Y=


CRÉDITOS: LABORATÓRIO DA NOTICIA

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Nosso bom baiano que completou 80 anos nesse final de semana!! Viva Gilberto Gil


♪ MEMÓRIA – “Bob Marley era um dos grandes intérpretes dessa consciência de exclusão, da desigualdade. Foi o último artista a quem eu dediquei uma atenção profunda, específica e permanente. Hoje em dia ainda é das coisas que eu mais gosto de escutar”, escreveu Gilberto Gil, nas redes sociais, em 11 de maio de 2020, há exatamente um ano.

Na ocasião, faz 41 anos que Bob Marley (6 de fevereiro de 1945 – 11 de maio de 1981) tinha saído de cena, vítima de câncer.

No dia 11 de maio de 2022, faz 41 anos que o universo pop ficou sem a presença física do cantor, compositor e guitarrista jamaicano, mas Marley – entronizado eternamente com o rei do reggae – permanece em cena pela força da música que criou em 20 anos de trajetória profissional. Essa força é também política e espiritual, traços marcantes na obra de Marley e também na música de Gil.

No momento em que o Brasil inventaria o legado do artista jamaicano por ocasião dos 41 anos da morte de Marley, cabe lembrar que Gilberto Gil foi a voz que realmente popularizou o reggae de Bob Marley no país.

Gênero musical originado do rocksteady e do ska, ritmos da década de 1950 que o antecederam na evolução da música jamaicana, o reggae começou a se espraiar além da Jamaica no início dos anos 1970.

No Brasil, atribui-se a Caetano Veloso a primazia de ter embutido citação de reggae na letra da música Nine out of ten, composta em 1971 e gravada para o álbum Transa (1972), disco lançado dois anos antes do guitarrista inglês Eric Clapton ter contribuído para a popularização mundial do reggae com a gravação, em 1974, de I shot the sheriff (Bob Marley, 1973), reggae lançado por Marley no ano anterior em disco assinado com o grupo The Wailers.

Atento aos sinais do reggae desde que amargava exílio em Londres, ao lado de Caetano, Gil flertou com o reggae no álbum Refavela (1977) na faixa Sandra (Gilberto Gil, 1977). Contudo, nada se comparou ao êxito nacional de Não chores mais, música lançada por Gil em 1979 em single que alcançou o topo das paradas brasileiras naquele ano.

Não chores mais é versão em português, escrita por Gil, do reggae No woman, no cry, de autoria creditada somente ao compositor jamaicano Vincent Ford (1940 – 2008), embora seja senso quase comum de que Marley participou da criação da letra da música lançada em 1974 pelo cantor no álbum Natty dread, gravado com o grupo The Wailers, e popularizada em versão ao vivo de disco de 1975.

Questões autorais à parte, o fato é que o reggae pela primeira vez caiu na boca do povo brasileiro pela voz de Gil. Não chores mais foi massivo hit nacional. E Gil nunca mais se dissociou do reggae na luminosa trajetória musical.

A influência de Bob Marley na obra do compositor baiano é tamanha que, há 20 anos, Gil lançou álbum, Kaya n'gan daya (2002), inteiramente dedicado ao cancioneiro do colega jamaicano.

Neste disco, Gil deu voz a reggaes de Marley no original em inglês – com destaque para Three little birds (Bob Marley, 1977) – e verteu para o português outras músicas do repertório do artista como Lively up yourself (Bob Marley, 1974), música que virou Eleve-se alto ao céu. Lively up yourself apareceu no mesmo álbum Natty dread em que Marley apresentou No woman, no cry ao universo pop.

Aliás, Gil regravou Não chores mais no álbum Kaya n'gan daya, com arranjo evocativo da gravação original de 1979 e com a adesão do trio Paralamas do Sucesso. Há o toque desse grupo carioca, cultor do reggae no repertório autoral, quando Gil canta a letra original em inglês do reggae após reviver a letra da versão em português que propagou o legado de Marley no Brasil de 1979 na voz do artista baiano.